quarta-feira, 24 de junho de 2009

Irão

Analisando as palavras de Nelo Vingada acerca da situação no Irão, "saí de lá dois ou três dias antes das eleições. Ainda vi algumas manifestações, mas até fiquei admirado com o nível de democracia". E palavras de uma pessoa, que estando lá em trabalho, treinando uma equipa iraniana, que embora à partida tenha um certo distanciamento de questões políticas, esse argumento também serve para legitimar as suas declarações, pois não está limitado por nenhuma questão ideológica.
É então, questão para se perguntar, se não estamos a ser alvo de uma campanha anti-Ahmadinejad por parte de grande parte da comunidade internacional, que utiliza as manifestações promovidas por Mussavi em Teerão, para questionar a legitimidade dos resultados eleitorais, sabendo-se que Ahmadinejad reúne a sua parte principal de apoios nas zonas mais rurais e desfavorecidas, podendo-se extrapolar que estas manifestações são promovidas por uma elite que como demonstram alguns estudos está a perder influência devido a uma maior distribuição de riqueza.
No entanto a questão de Israel pesa muito também nesta campanha, pois sabe-se da posição de Ahmadinejad em relação a este estado judaico, e a tentativa do Irão em ter energia nuclear, pode representar uma ameaça para Israel, algo que preocupa sobremaneira também os seus aliados, com os Estados Unidos e Reino Unido à cabeça, logo seria muito conveniente uma alternativa de liderança mais moderada e mais disposta a servir os propósitos destas potências imperialistas.

2 comentários:

  1. Muito interessante esta perspectiva que põe em evidência o que há de contra-informação organizada "diluida" nas notícias que nos vão regularmente chegando e que tendemos implicitamente a considerar como objectivas.
    De facto, ler hoje em dia (ler, no fundo, de um modo ou de outro, em qualquer tempo e em qualquer lugar) os jornais é, antes de mais, descartar ousadamente todo um 'sarro' de deformação, voluntária ou involuntária, residual que, muitas vezes, condiciona o nosso modo pessoal de julgar o mundo à nossa volta.
    Eu honestamente não posso jurar que há democracia no Irão (de facto, desconheço se começa logo por havê-la em Portugal mas essa é outra questão...); agora, aquilo que também ignoro é se aquela que eu posso eventualmente supor que não há no Irão não é (im) precisamente o resultado de uma série de elementos de contra-informação que a alguém interessa que eu tome por informação fiável e, sobretudo, objectiva.
    A única coisa que posso fazer (e que faço, determinada, conscientemente!) é não "embarcar" em campanhas como a que é óbvio pretende instabilizar a vida social e política no Irão---o que vale por dizer que (já nem falo em Israel mas seguramente) a chamada União Europeia já decidiu quem apoiar no conflito que opõe o governo eleito no Irão à opisição derrotada.

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  2. Concordo em absoluto com o que refere.
    Obrigado pelo seu comentário, desculpe só agora o publicar, mas estive 10 dias em Itália, e não me era possível ter net.
    Abraço

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